Ano: 1999
Produção: EUA
Idioma: Inglês
Direção: Spike Jonze
Direção: Spike Jonze
Elenco: John Cusack, Cameron Diaz, Catherine Keener, John Malkovich
Duração: 112 minutos
Gosto muito daquele tipo de filme cult que é autêntico, que tem um formato diferente de apresentar e desenrolar a trama, mas sem ser também cult demais, cabeça demais. Aquele tipo que diverte, te faz refletir ao final da sessão e que você ouve nas rodas de conversa da galera alternativa e está lá como um dos filmes favoritos no facebook daquele seu amigo "cult bacaninha".
"Quero ser John Malkovich" é um filme desses, forte candidato a entrar na lista de favoritos do espectador que curte essa linha. Já tinha lido bastante a respeito da película na rede, mas o que me fez ser atraído de vez por ele foi o fato do roteirista ser o Charlie Kaufman, ator de outra obra desse estilo que é um dos meus favoritos: "Brilho eterno de uma mente sem lembranças".
O filme conta a história de Craig Schwartz (John Cusack), um manipulador de marionetes frustrado que mora com sua esposa Lotte (Cameron Diaz), uma viciada em animais que abriga em casa cachorros, pássaros, lagartos e até um macaco. A vida de Schwartz muda quando resolve arrumar um emprego decente como arquivista numa empresa que fica no andar sete e meio (a viagem do filme começa por aí). Um dia acidentalmente no escritório Craig descobre um portal na parede que leva à mente do ator John Malkovich, e usa aquilo como atração para visitantes que querem vivenciar 15 minutos na mente e na pele do artista.
O portal pra mente de John Malkovich |
A premissa não parece ser muito atraente, e de fato não é. Mas ignore a sinopse e assista: o filme é uma sequência de bizarrices divertidissímas que te deixa com aquela cara de bobo-risonho dizendo "WTF?". Bem no estilo Charlie Kaufman, você não consegue diferenciar bem as partes "pé no chão" do filme, e as partes no-sense. Por exemplo, o ator John Malkovich interpreta um papel fictício dele mesmo, sendo abordado por fãs na rua e tudo o mais, mas pra quem não sabe que o ator de fato existe, fica achando que ele é um personagem do filme criado pelos roteiristas. Já quem sabe fica se perguntando quais das características do personagem John Malkovich foram herdadas do ator John Malkovich e quais são única e exclusivamente do personagem. É uma viagem!
É divertido ver John Cusack, Cameron Diaz e Catherine Keener irreconhecíveis. Conseguiram fazer Diaz, um mulherão, ficar feia demais e Catherine Keener que já vi interpretar o papel de coroa simpática e amável em alguns filmes, vem agora como uma sedutora-badass-sem-coração- destruidora-de-lares... Incrível, e o papel cai como uma luva! O desinrolar do filme é bem estimulante e quando você acha que aquela história sem noção não vai dar em nada, se depara com a explicação de toda aquela viagem (ou parte dela).
O tal John Malkovich |
Além disso as cenas com marionetes são belíssimas e as sequências-viagem do John Malkovich também são o ponto alto do filme - o que você acha que aconteceria se o próprio Malkovich entrasse no portal pra mente dele mesmo? O filme te ganha nos pequenos detalhes, que não acrescentam em nada na trama, mas são indispensáveis pra dar o charme ao filme: as pequenas nuances dos personagens principais, a presença dos personagens secundários (a secretária surda e o chefe tarado) e a presença ilustrissima de Charlie Sheen interpretando a...ele mesmo! Ainda não está convencido de que o filme vale a pena? E se eu disser que o filme recebeu três indicações ao Oscar?
Enfim, é um filme que provavelmente vai causar as seguintes reações:
Você: "Muito bom, me amarrei"
Seu pai: "Deu pra rir, mas não gostei. Muito sem pé, nem cabeça"
Sua mãe: "Não entendi nada"
Sua namorada: "Ai, que filme horrível"
Mallu Magalhães: "Legal"
Sobre o autor
Cidão Mascarenhas
Quase largou a faculdade de Engenharia pra fazer Cinema. Além disso é músico e mochileiro.
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